
Sou alguém no banco dos réus da minha mente
Meu juiz é um eu
Meu advogado de acusação é outro eu
E meu advogado de defesa não tem argumentos
Meu juiz está pasmado
O advogado de acusação não consegue organizar
Todas provas que são contra mim
Mas ele as apresenta sem ordem, não há tempo
E não existem argumentos em meu favor
Os argumentos em meu favor
São um apontar de dedos cheios de razão
Mas eles não encontram lugar
Para minha defesa
Meu semblante está pesaroso
Fitando o chão
Meus ombros caídos
Não importam os juízos de valor dos sentimentos
Quando não se encontra razão alguma
Não importa nada
Nem minhas lágrimas
Nem a minha tola dissimulação
Entre estar dissimulado e estar em lágrimas
Prefereria a salinidade imperceptível em minha boca
Meus sentimentos tornam-nas insípidas
Prefiro meus questionamentos às minhas razões
Ainda prefiro meus questionamentos
Ainda prefiro minhas lágrimas
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