10 de novembro de 2025

Maculado

A minha poesia hoje é torpe
E causa enjôo em quem a ouve
Me faço repugnante
Porque não consigo viver
Tão consoante ao que desejam
Na Terra suja em que piso

Atolei-me em um charco de lodo
E todo que quer me resgatar
Suja-se

Queria ser diferente 
Disso em que me encontro
Tão fétido, tão agonizante, 
Por homens que sujam toda beleza

Beleza de que me serviria 
De inspiração para a escrita
Mas meus olhos sujos e escurecidos
Se perdem mais na sujeira
Da torpeza humana 
Que parece sem fim.

Quem dera pudesse ver
Mas sou motivo de distância
Um enxotado leproso
De uma antiga vila

Sou amaldiçoado e praguejando
Mesmo pedindo socorro
A vila continua em seu marasmo
E eu só queria um acaso
E um ocaso 
Para esse sentimento de repugnância
Em mim.

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