Que me importa estar nú
Que me importa estar envergonhado?
Que importa o vexame público
O escárnio
Se meus ombros estão caídos
E meu joelhos trôpegos?
Me aproximo de gente
Mas pareço alheio a tudo,
Toda Filosofia se desfaz
Diante de mim
Ela não aparece como a Boécio
Uma alma nobre.
Mas sou plebeu e ralé
Com pretensões a poeta, a procurar a Filosofia
Sou um tolo
E a sabedoria está a um abismo imenso de mim
Abismo que, cambaleante, pareço querer cair
E me esquecer de quem sou, fui, serei
Esquecer, nada faz esquecer
Tudo precisa existir, pensar, lembrar
E adoecer
Abraçarei essa existência
Apesar de tudo
Nada sou,
Poeira pequena no tempo e na eternidade
E antes esse poema, essa pretensão
Não existisse
A luz é boa
Mas meus olhos estão entenebrecidos para ela
Cego.
Miserável, cego e nú.
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