19 de fevereiro de 2016

Quebrantado e perdido

No mundo em que vivemos
Quantos escritos não começaram assim
Mas essa é a nossa realidade
Não há outro mundo que conheçamos

Eu me pergunto para que serve a verdade
Será que conseguimos viver jogados no mundo
Em completo esquecimento de quem nós somos?
Quem eu sou?

Não há nenhuma lembrança de quem somos
Nem sabemos ao certo o que seremos
Somos antes de essência, para os modernos
Existência

Mas existimos em um tempo e um lugar
Por que esse tempo e lugar?
Por que perguntamos tanto
E simplesmente não vivemos?

Mas parece que de alguma forma, para viver
Precisamos de algo que nos motive
Que seja nosso farol
Em um mundo que muitas vezes
Parece uma tempestade em alto mar

Mas procuramos sempre
Sem nunca achar, um ponto de referência
Um porto onde atracar
Nosso navio tão maltratado

Quantas pessoas não refletiram sobre essa pergunta
Para onde estamos indo
O mais triste é quando nos abandonamos à tempestade
Sem esperança

Joguem-me no mar
Disse um certo Jonas, adormecido na morte
Longe de seu propósito
Que doía em seu coração
Um misto de esquecimento de ser o que se era
Uma confusão por se afastar da luz e ir às trevas
As trevas o abraçaram

Me tirem dessa falta de horizonte
Me tirem do ventre do grande peixe
Laços de morte me atam a uma vida que não quero viver
Tudo sempre parece sem sentido
E então nos colocamos a buscar
Algo que talvez não exista

Mas e se existir
E se eu tiver me desligado da vida
Imaginando estar vivendo-a

Essa pergunta que atormenta a alma
Essas coisas que se emaranham
Em nossas mentes confusas
Jesus me salve de mim mesmo
Das minhas confusões internas
De todas as coisas que não entendo
De tudo tão separado
E estilhaçado em pedaços no chão
Tudo quebrado
O homem quebrado
O coração quebrantado
Quebrante-se no quebrado, no sem conserto
Até o dia que te sintas inteiro
E de novo te sintas
Como se uma peça faltasse

Que tipo de sentimento é esse
Pinóquio fugindo de Gepeto
Querendo apenas ser um menino de verdade
Mas o que é verdade?

Esse sentimento de estar no mundo
Sem propósito
Há quem resolva?
Dizem que basta servir o outro, o semelhante.
Mas há algo sempre cortando profundamente
O coração
Quebrantado sempre
Por não ver luz, por estar nessa tempestade
Como a mãe de Ismael no deserto
Que pelo desespero nada enxergava
Um anjo lhe mostrou um poço de água
Enquanto os dois desfaleciam
Muito mais Ismael, beirando a morte

Que propósito teria seguido Agar?
O que teria preenchido seu coração?

Sei que esse mundo não aponta tantas direções
Enquanto desfalecemos.