28 de maio de 2016

Saudades do que não existiu

Que rosto lindo passou por minha vida

Que pensamentos de ternura me enterneceram

Pensamentos que nunca se realizaram


Sonhei alto

Quis voar por sobre as nuvens

Sentir a brisa em meu rosto

O raiar de um novo dia em minha vida


Um dia que trouxesse sorrisos e carinhos

Uma flor no cabelo, um amor que não aconteceu


Hoje sou isso que restou de mim

Todo amor não vivido na minha juventude

Toda a espera que joguei fora

Em um momento de escuridão


A ternura fugiu de mim

Ou fugiu do mundo


Que busco eu ao ver de novo seu rosto

Ao ver-te de novo como eras

Ou como eu imaginava que eras

Busco o que nunca tive


Um amor que tanto reconheci

Mas tão estranho e avesso a mim


E caí, várias vezes

E permaneço caído

Com as asas da imaginação terna cortadas

Assolado pela torrencial chuva de solidão


Sem nada que me aqueça

15 de maio de 2016

Tristezas desse blog

Oi...
Então eu queria escrever aqui algo como que uma explicação. Não que eu necessite me explicar para alguém, mas a questão que quero abordar é o que escrevo aqui.
Muitas vezes o que eu eu escrevo aqui é muito triste devido ao meu estado de espírito no momento em que eu escrevo. Desde minha adolescência escrevo algumas vezes para desabafar em um momento em que não entendo o que estou passando, são meus questionamentos, minhas dúvidas meus porquês.
Às vezes eu mesmo fico impressionado com o que escrevo de triste, impressionado com a tristeza...
Eu escrevo para exorcizar esses demônios que assolam minha mente, se é que posso chamar de demônios. Calma, não acredito que sou endemoninhado, mas são nuvens escuras que nublam meu pensamento e eu procuro me livrar delas quando escrevo.
Não sei se é mais fácil escrever quando estou triste, quando me decepcionei, quando estou perguntando a respeito de algo que pode me esclarecer.
Gostaria de escrever sobre momentos alegres, poesias alegres. Preciso talvez me educar a isso e deixar um pouco de lado minha melancolia, por mais que isso possa às vezes parecer difícil... Acredite é. Vivo constantemente em conflito comigo e com o mundo e isso, muitas vezes, mais me prejudica que ajuda...
Apesar de tudo isso, ainda penso que estou dentro da normalidade. Afinal, como dizem, "de louco todo mundo tem um pouco."

14 de maio de 2016

Pequenos lutos

Porque deveria eu 
Falar sobre ser feliz
Desejar esse luxo à minha alma

Se a tristeza me rodeia de tão perto agora?
Quem sois vós que me julgam por isso
Me julgam por minha alma transparecer
Cada luto, cada desesperança

Só consigo ver almas ao chão duro
Tentando aquecer o pouco de alma que lhes resta

Vês direito o mundo
Vês direitos as guerras
Os lamentos de mães que perderam seus filhos

Como Raquel que não queria ser consolada
Vês com seu olhos as misérias humanas
O quanto estamos presos a ilusões que chamam felicidade

Esperaras tua velhice e falta de forças
Para refletires sobre isso?

Não quero ter esperança
Tenho medo dela
Ou medo de mim
Ou medo dos homens

Estou deprimido, dia após dia
Quero estar sozinho por alguns dias
Dormir e não acordar
Pois todos os dias vejo isso diante de mim

Todos os dias vejo morte e abandono
Todos os dias vejo um pouco de vida
Mas não o suficiente para quebrar
Esse luto que sinto agora.


Sobre ilusões

Queria apenas saber
Por que nos iludem com palavras
Tais como felicidade e amor

O que é essa felicidade
O que é esse amor
Se o homem ao mesmo tempo
Entristece profundamente a alma
Se odeia com ódio profundo

Quem sois vós
Homens que falam de esperança
Vês as ruínas das cidades
Atentai bem às ruínas dos homens
Como falareis de felicidade assim?

Falai e erguei lamentos
Pois sois homens
Estais na terra
Que não lhes é favorável
Por mais que pareça

Que pensais de vosso destino
Oh mais frágil das criaturas
Por que sonhais com a grandeza
Se és pequeno

Quão triste está minha alma
Por não ver o amor reinar
Por ver que há ruinas
Cidades arruinadas em meu coração

Deixe-me sentir dor
Não quero ser consolado
Deixai-me na mais profunda escuridão
Não insistais comigo
Não haverá sorriso em meu rosto

Tenho visto todo dia a morte de perto
E me importado
Por isso estou de luto

Deixai-me vós que tudo sabeis
Sobre poesias de belas cachoeiras
Belos vales e montanhas

Deixai-me vós que navegais em mares tranquilos
Meu mar sempre tempestuoso
Desejo profundamente a morte
Pois de morte tenho me cercado
A morte tenho enxergado

Minha melancolia tem se tornada
Pesada a cada dia
Vejo a felicidade como uma ilusão
Que os homens criaram para si
Para tapearem a vida
Que desde o nascimento
Condena-se ao sofrimento

Não celebrai da próxima vez meu aniversário
Celebrai o quanto vivemos
Para chorar
Os lutos contínuos do viver

Haverá um dia feliz na minha vida talvez
Como já houve
Mas não sei se me importarei tanto
Pois cada dia tenho me importado menos.


Ocaso


Não acredito na felicidade
Acredito no asfalto duro da cidade
Onde desamparados deitam

Não acredito nas justiças sociais
De um homem egoísta

Não acredito nos homens
E nas mulheres
Que dizem lutar por algo melhor
Por seus semelhantes

Talvez acredite em suas vaidades
Suas vontades de não ver
Que a vida não lhes é favorável

Não reclame se sou duro
Mas não acredito mais na aurora
O ocaso é mais frequente que se imagina

Não acredito na felicidade
De beijos amorosos
Quando há tantos corações partidos

Sois falsos e não reconheceis
Vosso egoísmo

Haveria Deus que nos salve?
Haveria Deus que salvasse-nos
Do nosso egoísmo?

Queria acreditar na felicidade
Mas quanto mais tento acreditar nela
Me frustro

Sejais solidários com a dor
A dor que não se vê
Mas está em todo lugar

A dor e a morte
O luto
A fuga de tudo
Para a solidão

Que é a existência
Que luz nos ilude no céu estrelado

Minha alma se entristece
Deixai-me
Quero me aquecer nesse fogo
Esquecer de mim
Esquecer do mundo