18 de outubro de 2016

Amor não percebido

08.10.2016

Amor não percebido

Amar alguém e não ser percebido
É como ter perdido um navio
Chegado no final da festa
Ter chegado à roda de amigos
Quando todos estão indo embora

Você sempre está perdido
Sem saber o que aconteceu
Perdeu o último trem da noite
A estação completamente vazia

É como uma tempestade
Que te pega desprevenido
E não há abrigo
É um desabrigado em uma noite de frio

O amor não percebido
É um por-do-sol melancólico
Uma noite sem estrelas
Amar assim é como ser
Um palhaço triste
Todos riem de você
Mas despedaçado por dentro
Retira a maquiagem
Apagam-se as luzes
E na solidão se deita

Um amor não percebido
É o cansaço dos ossos
É sempre esperar um dia melhor
Que parece tão distante
São olhos cansados
De lágrimas

Isolai, isolai minha alma

Isolai, isolai minha alma

Deixe-me
Deixe-me de canto
Pela sordidez que invadiu minha alma
Deixe-me aqui
Isolado pelos sentimentos de culpa
Que me assolam

Para que atentar para mim?
Alma inquieta por desejos
Existente em um mundo
Impalpável para tudo

Não há carne, não há corpo
Ó contaminação eterna do que foi feito puro
Distorção da vida
Paranóias sempre acrescidas
Em crimes contra inocentes
Gentes sem rostos
Para reconhecer

Desfigurai vosso semelhante
Ó todos os donos do saber e da justiça
Não são vocês os guardiões
De tudo que é justo e puro?
Tens em vossa razão
O salvo conduto
De fazer de vós mesmos
Princípio e fim
Sois vós assim
Como semi deuses
Tão próximos de vosso paraíso

Expulsai do vosso Olimpo então
As almas inquietas
Que como a minha, abatida
Buscam apenas viver
E um coração nessa vida