24 de agosto de 2023

Peregrino cansado


Eu sei que sou fraco
Sou feito do pó da terra
Muitas vezes dei ouvidos
À concupiscência que habita em mim
Mas hoje não a quero
Sempre morto desejo
Surgido para morrer em si mesmo
Devaneio tolo e improdutivo
Deixai-me, pois não quero ouvir-te
Ó alvoroço inquietante do mundo
Alonga-te de mim
Passa-te de largo
Não lhe desejo
Quero que a mim a vida baste
Quero ser natural
Como o todo é de fato
Sereno
Serenar
Deixai-me compreender
Aqui na natureza
O meu lugar natural
Como quem nada quer
E nada busca
O sol basta
O vento, e o farfalhar das folhas 
A chuva serôdia
O som de um rio
Mundo inquietante
Causador de desejos
Deixai-me quieto
Ficai longe de mim
Pois exausto estou de ti
E da minha vida
Em um lugar estranho
Não vês que sou peregrino
Não vês que sou estrangeiro
Estou de passagem