2 de agosto de 2016

Exílio da alma

Sonhos do passado
Se tornam pesadelos do futuro
A frustração espreita nas madrugadas
Sou alguém sem destino
Sem bússola para me guiar

"Confie em Deus", dizem
Mas estou bem longe dele
E não entendo seus pensamentos
Mais altos que os meus

Sou uma alma atormentada
Por tudo o que sou em mim mesmo
Por tudo que tem acontecido
E como acontece

Dores, o mundo está cheio delas
De feridas mal prensadas, mal cuidadas
Estou entre os feridos
E me pedem bandagens que mal tenho pra mim

Acendam ao menos uma fogueira
Para aquecer nessa noite fria e longa
Esses abandonados à própria sorte.

Penitente

Deixe-me perdido
Perdido de todas as ilusões que criei para mim
Quem dirá que fiz errado
Queria que todas elas não me acometessem
Mas deve fazer parte da vida
Nos iludir

Minhas pernas um dia fraquejaram
Ao ver alguém que pretendia amar passar
Mais uma ilusão do meu coração

Essa madrugada permanecerei acordado?
Sempre há esse dias
Em que parecem o fim do mundo
Sempre há

Sofrimento
Por alguma razão
Estou distante de tudo e todos
Fechado em mim
Querendo me encolher
Sinto em mim saudade
Que se vai logo
Em um momento

Penitência
A dor infligida na alma
Tristeza intensa
Que assim seja



Embriagado de passado

Quem acreditaria na dor de um bêbado
Que está embriagado nas próprias dores?
Quem diria algo interessante
A quem tanto se desinteressa?

Acha que sua dor difere da dos outros?
Acha sua dor insuportável?
Como tantos suportam?
Queria também saber
Pois busco uma saída
Sem encontrar

Tenho convivido por muito tempo com essas frustrações
Para mim nada mais tem feito sentido
Afinal esses monstros me acompanham
Todo dia, à noite, os engulo
Eles vivem dentro de mim
Assombram-me cada dia

Certamente entenderias não?
Quantas dores no mundo?
Faz sentido?
Quantas dores sem alívio?


Escrevo coisas sem sentido
Procurando um sentido
Que talvez nunca mais exista
E existiu em um passado
Ou me iludo?

Sonhos adormecidos na morte

Minha alma carece de vida
Perdida em alguns anos de vida
Nos momentos que preservo na memória
Momentos belos que escaparam de mim

Talvez minha insensatez
Os tenha feito escapar

Meu egoísmo, ou não
Quem pode medir
As consequências de uma atitude

Tenho tido algumas perdas
E tenho me sentido só
A vida tem passado por meus olhos
Lacrimejantes agora

Que adianta em mim todo esse lamento
Por que viver tão preso ao passado?
Só porque lá sonhei muito alto?

Minha alma está vazia de vida
Vazia de amor
Vazia de sentido e direção

Oh tu que vês tudo do mais alto lugar
Salva-me de mim mesmo

Acho que nem a ti mesmo deixo amar-me
Talvez por isso não mereça amor

Mas essa minha vida tem doído em meu coração
Eu não sei para onde ir
Estou paralisado na vida
Como sonhos envelhecidos
Sonhos cadavéricos

Cheiram mal
Já passaram muitos dias
E não tenho forças para mover essa pedra
Em meu coração

Dóí toda minha alma
E queria adormecer
Sob a chuva
Sob o frio