29 de setembro de 2023

Alguém bem resolvido

Alguém que viu a vida
Como uma equação matemática
Enxergou todos os caminhos corretos
Para resolve-la

Passou incólumes aos reveses 
Nunca se sentiu inseguro
Determinado e orgulhoso de si
Olhou tudo de cima

Disse a si 
Sou assim resoluta
Tal qual uma estátua de pedra
Incapaz de ferir-se

Sou água límpida
Brilhando à luz do sol
Mas recuso-me a saciar a sede
Do sedento que passa por mim

O sedento falta-lhe
Mas eu não sou falta
Sou completude
Tal como o sol do meio-dia

Alguém assim, não tem cicatrizes
É necessariamente completo
Não se machuca, não perdoa nem é perdoado
Para que precisa então de algo bem resolvido?

26 de setembro de 2023

Gangorra da vida



Estamos sempre perdidos
E tal definitiva sentença
Nos apavora
Somos a própria desavença
O exterior, quer como seja,
Quer nossa derrota
E aposta todo dia
Em nossa queda

Então caímos
Mas lá no chão e na lona
Ainda assim,
Precisamos levantar,
E quando apenas tropeçamos
E estamos no meio?
Nem na queda nem de pé
Bambos

Contravenção, contradição
Contraditos caminhamos
E vemos o céu e a chuva sentimos
Mas porque não apenas ser o momento
Seria por que o momento é fugidio,
E assim traímos a corrente do tempo?

Que tempo? Átimo da nossa vida
Na eternidade?
Sejamos assim com o outro
Em risos benditos
Bem quistos

Sejamos com o outro
O rio das nossas lágrimas
Mais uma vez num dos opostos
Para mais tarde estar no outro
Gangorra da vida