3 de dezembro de 2016

Por nada

Por nada

Escrevo por nada
O nada, que não existe
Escrevo sem motivo
Para me sentir mais achado
Que perdido

Sou matéria na Terra
Que sente
Que cheira
Que toca
Que é tocado
Que ouve
Saboreia

Sou um tempo no espaço
Um espaço no tempo

Que haverá depois de mim?
Que faço eu nesse interim
De inexistência e existência?
Pois um dia não serei mais.
O esquecimento.

Mas ainda serei por um tempo
Nas lembranças de quem amei
E por quem fui amado

Escrevo por nada
Meus versos bailantes
Bailam só por alegria
Festejam a existência
Do fulgaz momento.

Numa dança simples e leve
Bailam meus versos
Ops, um passo errado
Um tropeço
Gargalhadas
E voltam  ao compasso


18 de outubro de 2016

Amor não percebido

08.10.2016

Amor não percebido

Amar alguém e não ser percebido
É como ter perdido um navio
Chegado no final da festa
Ter chegado à roda de amigos
Quando todos estão indo embora

Você sempre está perdido
Sem saber o que aconteceu
Perdeu o último trem da noite
A estação completamente vazia

É como uma tempestade
Que te pega desprevenido
E não há abrigo
É um desabrigado em uma noite de frio

O amor não percebido
É um por-do-sol melancólico
Uma noite sem estrelas
Amar assim é como ser
Um palhaço triste
Todos riem de você
Mas despedaçado por dentro
Retira a maquiagem
Apagam-se as luzes
E na solidão se deita

Um amor não percebido
É o cansaço dos ossos
É sempre esperar um dia melhor
Que parece tão distante
São olhos cansados
De lágrimas

Isolai, isolai minha alma

Isolai, isolai minha alma

Deixe-me
Deixe-me de canto
Pela sordidez que invadiu minha alma
Deixe-me aqui
Isolado pelos sentimentos de culpa
Que me assolam

Para que atentar para mim?
Alma inquieta por desejos
Existente em um mundo
Impalpável para tudo

Não há carne, não há corpo
Ó contaminação eterna do que foi feito puro
Distorção da vida
Paranóias sempre acrescidas
Em crimes contra inocentes
Gentes sem rostos
Para reconhecer

Desfigurai vosso semelhante
Ó todos os donos do saber e da justiça
Não são vocês os guardiões
De tudo que é justo e puro?
Tens em vossa razão
O salvo conduto
De fazer de vós mesmos
Princípio e fim
Sois vós assim
Como semi deuses
Tão próximos de vosso paraíso

Expulsai do vosso Olimpo então
As almas inquietas
Que como a minha, abatida
Buscam apenas viver
E um coração nessa vida

2 de agosto de 2016

Exílio da alma

Sonhos do passado
Se tornam pesadelos do futuro
A frustração espreita nas madrugadas
Sou alguém sem destino
Sem bússola para me guiar

"Confie em Deus", dizem
Mas estou bem longe dele
E não entendo seus pensamentos
Mais altos que os meus

Sou uma alma atormentada
Por tudo o que sou em mim mesmo
Por tudo que tem acontecido
E como acontece

Dores, o mundo está cheio delas
De feridas mal prensadas, mal cuidadas
Estou entre os feridos
E me pedem bandagens que mal tenho pra mim

Acendam ao menos uma fogueira
Para aquecer nessa noite fria e longa
Esses abandonados à própria sorte.

Penitente

Deixe-me perdido
Perdido de todas as ilusões que criei para mim
Quem dirá que fiz errado
Queria que todas elas não me acometessem
Mas deve fazer parte da vida
Nos iludir

Minhas pernas um dia fraquejaram
Ao ver alguém que pretendia amar passar
Mais uma ilusão do meu coração

Essa madrugada permanecerei acordado?
Sempre há esse dias
Em que parecem o fim do mundo
Sempre há

Sofrimento
Por alguma razão
Estou distante de tudo e todos
Fechado em mim
Querendo me encolher
Sinto em mim saudade
Que se vai logo
Em um momento

Penitência
A dor infligida na alma
Tristeza intensa
Que assim seja



Embriagado de passado

Quem acreditaria na dor de um bêbado
Que está embriagado nas próprias dores?
Quem diria algo interessante
A quem tanto se desinteressa?

Acha que sua dor difere da dos outros?
Acha sua dor insuportável?
Como tantos suportam?
Queria também saber
Pois busco uma saída
Sem encontrar

Tenho convivido por muito tempo com essas frustrações
Para mim nada mais tem feito sentido
Afinal esses monstros me acompanham
Todo dia, à noite, os engulo
Eles vivem dentro de mim
Assombram-me cada dia

Certamente entenderias não?
Quantas dores no mundo?
Faz sentido?
Quantas dores sem alívio?


Escrevo coisas sem sentido
Procurando um sentido
Que talvez nunca mais exista
E existiu em um passado
Ou me iludo?

Sonhos adormecidos na morte

Minha alma carece de vida
Perdida em alguns anos de vida
Nos momentos que preservo na memória
Momentos belos que escaparam de mim

Talvez minha insensatez
Os tenha feito escapar

Meu egoísmo, ou não
Quem pode medir
As consequências de uma atitude

Tenho tido algumas perdas
E tenho me sentido só
A vida tem passado por meus olhos
Lacrimejantes agora

Que adianta em mim todo esse lamento
Por que viver tão preso ao passado?
Só porque lá sonhei muito alto?

Minha alma está vazia de vida
Vazia de amor
Vazia de sentido e direção

Oh tu que vês tudo do mais alto lugar
Salva-me de mim mesmo

Acho que nem a ti mesmo deixo amar-me
Talvez por isso não mereça amor

Mas essa minha vida tem doído em meu coração
Eu não sei para onde ir
Estou paralisado na vida
Como sonhos envelhecidos
Sonhos cadavéricos

Cheiram mal
Já passaram muitos dias
E não tenho forças para mover essa pedra
Em meu coração

Dóí toda minha alma
E queria adormecer
Sob a chuva
Sob o frio


18 de julho de 2016

Esperança dos tolos

Há dias em que você
Não quer ver seu próprio rosto
Não quer se deparar
Com o tempo que passou

Com toda expectativa que você teve
Do que não aconteceu
Apesar de seus esforços
Tudo se torna culpa sua

Você errou, não teve o que queria
Não estava preparado para aquilo
Apesar de seus esforços
Eles foram poucos

O que resta para você
É sua mente te acusando
Dizem que o tribunal da consciência
É o pior que pode haver

Então você sente os dias doerem
O que resta pra você?
Deitar na cama
E continuar sonhando
Com aquilo que não aconteceu
Esperando aquele novo amanhecer

Resta a esperança de um tolo

7 de junho de 2016

Idealizações

Idealizações – 07.06.2016

Aqui estou nesse mundo.
Não, não me sinto herói,
Não me sinto justo, nem mesmo príncipe.
Não sou nenhuma dessas idealizações.
Sou vil,
Sinto-me vil e careço de misericórdia,
Sou apenas um homem comum
Ordinário como todos os outros.

Vês aquele andarilho?
Poderia ser eu...
Esqueça as idealizações!
O mundo é o que é
Sujo!

Minhas mãos estão sujas
E esfrego com elas
O meu rosto com lágrimas,
Quero acreditar
Que pelo menos elas são verdadeiras.

Meu coração não deseja a aparência
Ele deseja a essência,
Sabendo-se tão distante dela
No fim uma idealização.

Afastem-se de mim,
Sabei que tenho lepra
Em minha alma.
Deixai-me alguns dias só,
Pois ando enfermo de mim mesmo,,,



28 de maio de 2016

Saudades do que não existiu

Que rosto lindo passou por minha vida

Que pensamentos de ternura me enterneceram

Pensamentos que nunca se realizaram


Sonhei alto

Quis voar por sobre as nuvens

Sentir a brisa em meu rosto

O raiar de um novo dia em minha vida


Um dia que trouxesse sorrisos e carinhos

Uma flor no cabelo, um amor que não aconteceu


Hoje sou isso que restou de mim

Todo amor não vivido na minha juventude

Toda a espera que joguei fora

Em um momento de escuridão


A ternura fugiu de mim

Ou fugiu do mundo


Que busco eu ao ver de novo seu rosto

Ao ver-te de novo como eras

Ou como eu imaginava que eras

Busco o que nunca tive


Um amor que tanto reconheci

Mas tão estranho e avesso a mim


E caí, várias vezes

E permaneço caído

Com as asas da imaginação terna cortadas

Assolado pela torrencial chuva de solidão


Sem nada que me aqueça

15 de maio de 2016

Tristezas desse blog

Oi...
Então eu queria escrever aqui algo como que uma explicação. Não que eu necessite me explicar para alguém, mas a questão que quero abordar é o que escrevo aqui.
Muitas vezes o que eu eu escrevo aqui é muito triste devido ao meu estado de espírito no momento em que eu escrevo. Desde minha adolescência escrevo algumas vezes para desabafar em um momento em que não entendo o que estou passando, são meus questionamentos, minhas dúvidas meus porquês.
Às vezes eu mesmo fico impressionado com o que escrevo de triste, impressionado com a tristeza...
Eu escrevo para exorcizar esses demônios que assolam minha mente, se é que posso chamar de demônios. Calma, não acredito que sou endemoninhado, mas são nuvens escuras que nublam meu pensamento e eu procuro me livrar delas quando escrevo.
Não sei se é mais fácil escrever quando estou triste, quando me decepcionei, quando estou perguntando a respeito de algo que pode me esclarecer.
Gostaria de escrever sobre momentos alegres, poesias alegres. Preciso talvez me educar a isso e deixar um pouco de lado minha melancolia, por mais que isso possa às vezes parecer difícil... Acredite é. Vivo constantemente em conflito comigo e com o mundo e isso, muitas vezes, mais me prejudica que ajuda...
Apesar de tudo isso, ainda penso que estou dentro da normalidade. Afinal, como dizem, "de louco todo mundo tem um pouco."

14 de maio de 2016

Pequenos lutos

Porque deveria eu 
Falar sobre ser feliz
Desejar esse luxo à minha alma

Se a tristeza me rodeia de tão perto agora?
Quem sois vós que me julgam por isso
Me julgam por minha alma transparecer
Cada luto, cada desesperança

Só consigo ver almas ao chão duro
Tentando aquecer o pouco de alma que lhes resta

Vês direito o mundo
Vês direitos as guerras
Os lamentos de mães que perderam seus filhos

Como Raquel que não queria ser consolada
Vês com seu olhos as misérias humanas
O quanto estamos presos a ilusões que chamam felicidade

Esperaras tua velhice e falta de forças
Para refletires sobre isso?

Não quero ter esperança
Tenho medo dela
Ou medo de mim
Ou medo dos homens

Estou deprimido, dia após dia
Quero estar sozinho por alguns dias
Dormir e não acordar
Pois todos os dias vejo isso diante de mim

Todos os dias vejo morte e abandono
Todos os dias vejo um pouco de vida
Mas não o suficiente para quebrar
Esse luto que sinto agora.


Sobre ilusões

Queria apenas saber
Por que nos iludem com palavras
Tais como felicidade e amor

O que é essa felicidade
O que é esse amor
Se o homem ao mesmo tempo
Entristece profundamente a alma
Se odeia com ódio profundo

Quem sois vós
Homens que falam de esperança
Vês as ruínas das cidades
Atentai bem às ruínas dos homens
Como falareis de felicidade assim?

Falai e erguei lamentos
Pois sois homens
Estais na terra
Que não lhes é favorável
Por mais que pareça

Que pensais de vosso destino
Oh mais frágil das criaturas
Por que sonhais com a grandeza
Se és pequeno

Quão triste está minha alma
Por não ver o amor reinar
Por ver que há ruinas
Cidades arruinadas em meu coração

Deixe-me sentir dor
Não quero ser consolado
Deixai-me na mais profunda escuridão
Não insistais comigo
Não haverá sorriso em meu rosto

Tenho visto todo dia a morte de perto
E me importado
Por isso estou de luto

Deixai-me vós que tudo sabeis
Sobre poesias de belas cachoeiras
Belos vales e montanhas

Deixai-me vós que navegais em mares tranquilos
Meu mar sempre tempestuoso
Desejo profundamente a morte
Pois de morte tenho me cercado
A morte tenho enxergado

Minha melancolia tem se tornada
Pesada a cada dia
Vejo a felicidade como uma ilusão
Que os homens criaram para si
Para tapearem a vida
Que desde o nascimento
Condena-se ao sofrimento

Não celebrai da próxima vez meu aniversário
Celebrai o quanto vivemos
Para chorar
Os lutos contínuos do viver

Haverá um dia feliz na minha vida talvez
Como já houve
Mas não sei se me importarei tanto
Pois cada dia tenho me importado menos.


Ocaso


Não acredito na felicidade
Acredito no asfalto duro da cidade
Onde desamparados deitam

Não acredito nas justiças sociais
De um homem egoísta

Não acredito nos homens
E nas mulheres
Que dizem lutar por algo melhor
Por seus semelhantes

Talvez acredite em suas vaidades
Suas vontades de não ver
Que a vida não lhes é favorável

Não reclame se sou duro
Mas não acredito mais na aurora
O ocaso é mais frequente que se imagina

Não acredito na felicidade
De beijos amorosos
Quando há tantos corações partidos

Sois falsos e não reconheceis
Vosso egoísmo

Haveria Deus que nos salve?
Haveria Deus que salvasse-nos
Do nosso egoísmo?

Queria acreditar na felicidade
Mas quanto mais tento acreditar nela
Me frustro

Sejais solidários com a dor
A dor que não se vê
Mas está em todo lugar

A dor e a morte
O luto
A fuga de tudo
Para a solidão

Que é a existência
Que luz nos ilude no céu estrelado

Minha alma se entristece
Deixai-me
Quero me aquecer nesse fogo
Esquecer de mim
Esquecer do mundo

19 de fevereiro de 2016

Quebrantado e perdido

No mundo em que vivemos
Quantos escritos não começaram assim
Mas essa é a nossa realidade
Não há outro mundo que conheçamos

Eu me pergunto para que serve a verdade
Será que conseguimos viver jogados no mundo
Em completo esquecimento de quem nós somos?
Quem eu sou?

Não há nenhuma lembrança de quem somos
Nem sabemos ao certo o que seremos
Somos antes de essência, para os modernos
Existência

Mas existimos em um tempo e um lugar
Por que esse tempo e lugar?
Por que perguntamos tanto
E simplesmente não vivemos?

Mas parece que de alguma forma, para viver
Precisamos de algo que nos motive
Que seja nosso farol
Em um mundo que muitas vezes
Parece uma tempestade em alto mar

Mas procuramos sempre
Sem nunca achar, um ponto de referência
Um porto onde atracar
Nosso navio tão maltratado

Quantas pessoas não refletiram sobre essa pergunta
Para onde estamos indo
O mais triste é quando nos abandonamos à tempestade
Sem esperança

Joguem-me no mar
Disse um certo Jonas, adormecido na morte
Longe de seu propósito
Que doía em seu coração
Um misto de esquecimento de ser o que se era
Uma confusão por se afastar da luz e ir às trevas
As trevas o abraçaram

Me tirem dessa falta de horizonte
Me tirem do ventre do grande peixe
Laços de morte me atam a uma vida que não quero viver
Tudo sempre parece sem sentido
E então nos colocamos a buscar
Algo que talvez não exista

Mas e se existir
E se eu tiver me desligado da vida
Imaginando estar vivendo-a

Essa pergunta que atormenta a alma
Essas coisas que se emaranham
Em nossas mentes confusas
Jesus me salve de mim mesmo
Das minhas confusões internas
De todas as coisas que não entendo
De tudo tão separado
E estilhaçado em pedaços no chão
Tudo quebrado
O homem quebrado
O coração quebrantado
Quebrante-se no quebrado, no sem conserto
Até o dia que te sintas inteiro
E de novo te sintas
Como se uma peça faltasse

Que tipo de sentimento é esse
Pinóquio fugindo de Gepeto
Querendo apenas ser um menino de verdade
Mas o que é verdade?

Esse sentimento de estar no mundo
Sem propósito
Há quem resolva?
Dizem que basta servir o outro, o semelhante.
Mas há algo sempre cortando profundamente
O coração
Quebrantado sempre
Por não ver luz, por estar nessa tempestade
Como a mãe de Ismael no deserto
Que pelo desespero nada enxergava
Um anjo lhe mostrou um poço de água
Enquanto os dois desfaleciam
Muito mais Ismael, beirando a morte

Que propósito teria seguido Agar?
O que teria preenchido seu coração?

Sei que esse mundo não aponta tantas direções
Enquanto desfalecemos.