14 de fevereiro de 2008


Minha vida se mistura às coisas cinzas dessa cidade
Eu ando e meus passos conversam de coisas instáveis
Conversam a ansiedade dos olhos
A comentam
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Eu vejo a velocidade nos carros
Eu vejo o tempo escorrer pelas minhas mãos
Procurando por uma razão que talvez não exista
Viver se torna um lema
Um árbitro em minha vida
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Quem me dirá o caminho
Se já foi dito
Mas eu não compreendo as coisas
E sou trapaceado pelo meu temperamento
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Minha vida grafitada
Os rostos velozes
Tanto como carros de fórmula um
Um após o outro
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Quando falta a mão sobre o rosto
Ele se torna irreconhecível
Como que queimado
Me enxergue assim
Um rosto queimado
Se espante com minha presença
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Pois há só uma mão que poderá acariciá-lo em verdade

E vê-lo bonito
Por dentro meu espírito com um defeito
O de não se encaixar no quebra-cabeça do mundo
Ele não se encaixa
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Ele quer mais um pouco de um remédio
De um amortecimento
Que só se encontra
Quando se prensa as feridas
Com óleo e vinho
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No meio de um caminho
Que tomamos sem o conhecer
E sem saber
Que ali há salteadores
Que deformam nosso corpo e nossa alma
Com a ilusão da imagem
Narcisa imagem
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Algo para ler e ouvir se tiver um tempo: http://www.memoriaviva.com.br/drummond/poema025.htm
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Um comentário:

PROJETO SER HUMANO disse...

Linda poesia!
Eu já escrevi muitas também. E elas brotam quando sentimentos fortes brotam do nosso interior.
É a forma diferente de caminharmos neste mundo.
Parece que estamos sempre na contramão.

É uma forma de nos mantermos vivos, num mundo morto.