6 de agosto de 2020

Gravidade

Eu conto cada dia que passou
Cada tempo desperdiçado
Me sinto em cacos
Um vaso de barro estilhaçado no chão
Eu me sinto assim
Desconcertado
Fora das formas possíveis
Distorcido
Cada dia que me sufoco em minha solidão
Que sinto meu coração apertar
Queria estar a muitos quilômetros daqui
Sozinho e perdido no espaço sideral
Já que fiz mal a mim fazendo o mal
Que desconheço tanto o bem
Talvez estivesse melhor
Longe de tudo que possa me fazer pensar
Olhando alguma estrela distante
E todos seus anos de vida
Passarem por meus olhos
Vê-la condensar-se em toda sua gravidade
Se tornar uma anã branca
Morrer
Um dia não vou existir
E todos meus dias serão como sempre foram
Nada, vaidade,
Que vida foi tão diferente da minha?
Que solidão que dói em mim?
Sei que existe um Deus no Céu,
Que prometeu estar comigo,
Mesmo assim me sinto sozinho,
Sentindo que seria bom,
Estar longe e comigo,
Para, de alguma forma,
Me condensar,
Na gravidade solitária,
Do meu coração.

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