21 de novembro de 2008

Réu de mim mesmo


Sou alguém no banco dos réus da minha mente
Meu juiz é um eu
Meu advogado de acusação é outro eu
E meu advogado de defesa não tem argumentos

Meu juiz está pasmado
O advogado de acusação não consegue organizar
Todas provas que são contra mim
Mas ele as apresenta sem ordem, não há tempo
E não existem argumentos em meu favor

Os argumentos em meu favor
São um apontar de dedos cheios de razão
Mas eles não encontram lugar
Para minha defesa

Meu semblante está pesaroso
Fitando o chão
Meus ombros caídos

Não importam os juízos de valor dos sentimentos
Quando não se encontra razão alguma

Não importa nada
Nem minhas lágrimas
Nem a minha tola dissimulação
Entre estar dissimulado e estar em lágrimas
Prefereria a salinidade imperceptível em minha boca
Meus sentimentos tornam-nas insípidas

Prefiro meus questionamentos às minhas razões
Ainda prefiro meus questionamentos
Ainda prefiro minhas lágrimas

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