6 de julho de 2020

Sedento

Minha vida não é tudo que quero que seja, tampouco é muito do que já foi. Continuo caminhando e olhando as coisas ao meu redor, quero vê-las como se fosse a primeira vez.
Não me importo mais, nenhum pouco, com o que perco, com o que deixo de ganhar. Já aprendi a aceitar essa vida, a aceitar os cabelos brancos que aparecem, aceitar o tempo que passa.
E se nada for o que desejei, ao menos desejei. Sou um ser que deseja, mas não cobiçoso, me basta o ar que respiro todo dia. Aproveito enquanto ainda não está de todo poluído pela fumaça da cidade grande.
Alguma coisa anda pacífica por aí, com o tempo devagar, diferente do nosso que corre com Cronos. Tempo que devora toda carne.
Eu não sou nada, há uma infinidade de tempo atrás de mim, uma infinidade a a frente, bilhões de estrelas numa galáxia entre bilhões de outras.
Simplesmente não me importo tanto com o tempo gasto, mas quero aproveitar cada minuto da minha vida aqui, pois não sei o que será na eternidade, tenho apenas o que meus olhos vêem agora e quero isso fazer valer a pena. Cada amor dado e recebido, gratidão, cada amor dado e não percebido, tenho mais para dar... Sou terra seca sim, tudo em mim seca, por isso bebo água, sou sempre sedento e minha sede não acaba, quero ver e ter essa vida, como alguém que andou pelo deserto e cuja boca ressecou pelo calor, sorvo a vida como um sedento por água e quero mais, até satisfazer essa sede que parece não acabar.

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